Ano: 2018 -
A Invenção da Amnésia é um projeto coletivo multimédia que tem vindo a ser desenvolvido no âmbito de uma residência artística em torno do traçado da Estrada Nacional 10, entre Santarém e Almada.
O projeto tem um núcleo de quatro artistas, Fernando Brito (Vídeo), Miguel Rodrigues (Fotografia e instalação), Nuno Andrade (Fotografia) e Renato Japi (Escultura) e conta com participações pontuais de artistas que vão sendo convidados a desenvolver trabalho a partir da ligação que têm à estrada e aos locais das exposições. Nesse contexto, foram já convidados Alexandre Alagôa (Vídeo e Arte Sonora) e André Fontes (Escrita).
Os projetos individuais partem da experiência pessoal de cada autor, do conhecimento íntimo, usando o termo do geógrafo Yi-Fu Tuan em Space and Place: The Perspective of Experience (1977), impregnado da história pessoal de cada um, para o desenvolvimento de trabalhos que problematizam a relação entre a repetição, a circularidade e a experiência quotidiana; sobre os processos de reinvenção do espaço a partir da “amnésia do lugar”, sobre as escalas de representação da observação e da experiência ou sobre o papel da gestualidade na representação da paisagem.
Cada autor convidado parte de um local específico da estrada que lhe seja próximo, afetivamente, e trabalha a partir dessa relação de familiaridade, de intimidade com os locais designados para a construção crítica de uma ideia que é depois apresentada às comunidades onde foram desenvolvidos na forma de projeto coletivo, onde os trabalhos são pensados e expostos de modo a refletir uma ideia coletiva e não apenas um conjunto de trabalhos expostos no mesmo sítio. A experiência da estrada é central a todo o projeto. A maioria das exposições resultantes da residência terão lugar em espaços ao longo da estrada. Também os participantes – seja o grupo inicial, sejam os convidados para cada evento específico – partilham esta e desenvolvem as suas abordagens a partir dela.
O projecto A Estrada, de Nuno Andrade, pode ser visto neste link.
O projecto Friction of Distance, de Miguel Rodrigues, pode ser visto neste link.
Fernando Brito
Assente na produção de peças audiovisuais correspondentes a itinerários dentro de várias áreas balizada pela E.N.10, Fernando Brito centra-se nas tensões entre a representação e a experiência da paisagem. Os gestos, traduzidos nos actos de caminhar, parar, cair, levantar equilibrar, são considerados como actions ou performances que servem de base para o desenvolvimento de micronarrativas cinemáticas nas quais o autor propõe uma reflexão entre a gestualidade, as imagens e a representação da paisagem. Nesse sentido, o primeiro conjunto de filmes parte da alegoria da vela de Diógenes de Sinope (424-323 A.C.), para através das ideias de obsessão da procura e de circularidade e repetição, constituir uma possibilidade de leitura da paisagem através dos gestos que a atravessam.
CAMINHOS VAGAMENTE CIRCUNDANTES I
Projecção Video Full HD | Duração Total : 43' 05''
CAMINHOS VAGAMENTE CIRCUNDANTES II
Projecção Video Full HD | Duração Total : 05'58''
Realização: Fernando Brito | Câmara e Som: Luciano B. Chieza
Actor/Performer: Tiago Costa | Pós-Produção Luciano B. Chieza
Renato Japi
O EXERCÍCIO DA DISTÂNCIA
O exercício da distância explora a forma como a escala e a abstração da observação estão implicadas na construção da experiência afetiva do lugar. Em um contraponto a imaterialidade das fotografias expostas de lugares precisos da estrada N10, as sólidas esculturas comemoram os elementos pertencentes a esse reflexo, e também a criações abstratas. Somas entre as visões da estrada capturadas e o acúmulo de estradas que se confundem sem prejuízo.
Links associados:
Conto “A Invenção da Amnésia” de André Fontes
Sessão de Escuta de Alexandre Alagôa para a exposição da Casa d’Avenida
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