A Orla da Cidade

As orlas da cidade

 Começam nas areias incertas dos rios e continuam Lá: nas lixeiras esgravatadas pelos meninos esquecidos, nas hortas e jardins destruídos “desses com palmeiras enlouquecidas no meio de materiais de construção e de ferros, que é a relíquia degenerada e mutilada de uma grande quinta". (como disse J. L. Borges)

 Daciano da Costa
 

Linhas de fronteira. Diferentes culturas.

Eis um lado da fronteira que eu vejo.

As quintas foram-se transformando em cimento

por vezes pouco estruturado, mas as hortas vão-se mantendo

como resquícios de uma memória.

O tio João senta-se na horta a contemplar a terra, por trás
das pequenas torres.
Luisa Ferreira.

Trabalho realizado entre Março e Abril de 2004. Um agradecimento a todos os que participaram com os textos:

Agustina Bessa-Luís, António Barahona, António Coxito, Daciano da Costa, Dominique Machabert, Dóris Graça Dias, Henrique Garcia Pereira, J.P. Simões, Luís Marçal Grilo, Luís Salgado de Matos, Luísa Costa Dias, Mafalda Ivo Cruz, Mafalda Lopes da Costa, Manuel Graça Dias, Manoel Ribeiro, Miguel Amado, Pedro Rosa Mendes, Rui Prata, Vasco Mendia / Sérgio Spencer.

Luísa Ferreira (Lisboa, 1961). Fotógrafa independente, vive e trabalha em Lisboa. É Mestre em Design e Cultura Visual – Estudos de Fotografia, pela Escola Superior de Design (IADE), escola onde é também professora. Começou a fotografar profissionalmente em meados dos anos 1980. Enquanto fotógrafa, integrou a equipa de fotojornalistas fundadores do jornal Público e trabalhou para a agência de notícias norte americana Associated Press. Expõe individualmente com regularidade desde 1989, desenvolvendo projectos pessoais que incluem por vezes a edição de livros. 

Integrou a exposição Au Féminin. Women Photographing Women 1849-2009, no Centro Cultural Calouste Gulbenkian, Paris, 2009. Expôs nos Encontros de Imagem de Braga nos anos 1994, 1995 e 1996 e nos Encontros de Fotografia de Coimbra em 1994. Foi Primeira Escolha nos Recorridos Fotográficos da ARCO98 (Madrid) com Éter. Recebeu o Prémio Autores 2019, Artes Visuais, Melhor Trabalho de Fotografia pela sua exposição branco, na Galeria Monumental (Set / Out 2018), um projecto desenvolvido a partir do auto-retrato para construir a noção de ficção identitária, que incluiu a edição de um catálogo/livro de artista com o mesmo título. É Professor Adjunto Convidada na Escola Superior de Educação do IPS (Setúbal, desde 2013). Prepara doutoramento na FCSH, Universidade Nova de Lisboa.

luisaferreira.com