Beyond Solid Ground explora a dicotomia entre os espaços urbanos periféricos e centrais, bem como a interação entre um espaço previamente associado ao governo do Estado Novo e duas mulheres afrodescendentes originárias da ex-colónia portuguesa de Cabo Verde. A proposta passa por repensar como podemos desafiar as estruturas de poder nos processos de representação das pessoas racializadas que habitam áreas periféricas aos centros das cidades. Segundo Cabral, o solo geológico não pode ser dissociado da história humana, não é apenas um corpo inerte ou um suporte estático à agência humana; mas mantém uma relação dinâmica com as estruturas sociais humanas. Pessoa e lugar estão interligados. O direito à significação dos espaços periféricos ao poder e ao privilégio oficial não depende exclusivamente da persistência da tradição, mas sim da sua reinvenção e reescrita.
Marta Machado é portuguesa-caboverdiana. É Mestre em Fotografia pela Escola das Artes da Universidade Católica do Porto e arquiteta formada na Universidade do Minho. O seu trabalho fotográfico analisa as ambiguidades da História e a sua relação com as narrativas ditas oficiais do mundo ocidental, centrando-se nas temáticas do colonialismo, identidade e território. Recentemente, desenvolveu "Nos Txôn", uma série que através de um contexto autobiográfico explora, entre a autoria e o arquivo, a imagem fotográfica como ferramenta de significação - exposta na Galeria Imago em 2022 - e, em residência artística promovida pelos Encontros da Imagem, o projeto "Beyond Solid Ground" ainda a decorrer e que foi exposto no âmbito do festival em Braga e em Novi Sad. “Nos Txôn”, está atualmente em processo de edição para publicação em fascículo pela editora Pierrot Le Fou. Integra ainda, enquanto investigadora, o projeto "Habitar Siza" promovido pelo IHC/ NOVA-FCSH. É membro da UNA - União Negra das Artes. O seu trabalho tem sido referenciado em diversos jornais de referência por académicos como Filipa Lowndes Vicente e por Djaimilia Pereira de Almeida.
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