Centro de Estudos em Fotografia de Tomar - Fotografia e Território

Linha de Costa

Projetos
Fotógrafo: José Afonso Furtado

Ano: 1996

Na realidade, este projecto teve o seu início um pouco mais cedo e não o considero ainda concluído. Apesar de uma selecção de imagens ter integrado as exposições colectivas Buques en el Muelle/Billetes de Andén (Projecto Lusitânia), apresentada em Madrid em 1992 e Litorais (produção da Galeria Diferença para o Instituto Camões) em 1995, só em 1996 o projecto se encontra consolidado e se traduz numa exposição individual com esta designação definida. A mostra foi apresentada no Museu da Água em Lisboa e na Galeria dos Paços do Concelho em Matosinhos. Foi ainda publicado um Livro em simultâneo com a exposição pela Contemporânea Editora (que para o efeito obteve o Alto Patrocínio do Ministério do Ambiente) com 51 fotografias e um texto luminoso de Bernardo Pinto de Almeida, de onde retiro breves excertos: “Linha de Costa sugerindo ainda a dimensão de uma cartografia, de um território e de um mapa ao mesmo tempo”; “A estranheza (uneimmlich) destas imagens chega-nos logo desta forma radical que José Afonso Furtado usa de as desabitar. Dir-se-ia que ninguém, salvo o próprio fotógrafo, antes ou depois foi testemunha destes cenários desertos de gente. Convoca-se neles um silêncio desabitado, de abandono, que reforça tudo quanto neles é agreste, áspero, rugoso (…); “Da passagem dos homens por estes lugares não restam mais do que breves apontamentos: aqui uma construção em ruína, além um cruzeiro, mais longe um frágil dique levantado à custa de bocados toscos de madeira. Ou então muros, como se os muros chegassem para dizer: aqui acaba a terra. Eles servem justamente para pontuar de outra maneira a passagem dessa linha quase imaginária que é a linha de costa.”

 

 

José Afonso Furtado (Alcobaça, 1953).

Licenciado em Filosofia (FLUL). Curso de Formação no Instituto Português de Fotografia (1981-1984), onde veio a assegurar, durante alguns anos, a Cadeira de História de Fotografia. Exerceu a sua actividade profissional em organismos governamentais na área da Cultura, tendo sido Presidente do Instituto Português do Livro e da Leitura (1987-1991). Posteriormente assumiu o cargo de Director da Biblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian (1992-2012). Expõe desde 1984. Publicou vários livros fotográficos, designadamente Das Áfricas (com Maria Velho da Costa). Difusão Cultural, 1991; Os Quatro Rios do Paraíso (com Clara Pinto Correia e Cristina Castel-Branco), D. Quixote, 1994; Linha de Costa (prefácio de Bernardo Pinto de Almeida), Contemporânea Editora, 1996; Canada do Inferno (introdução de Maria do Carmo Serén) Edição do Autor, 2005 e Contaminações — Minas Abandonadas (Fotografias 1994-2009) com Ensaio de Maria do Carmo Serén. Lisboa: Documenta, 2019. Traduziu a obra On Photography de Susan Sontag: Ensaios sobre Fotografia, Quetzal, Lisboa, 2012. Está representado nas Colecções do Instituto Camões (Ministério dos Negócios Estrangeiros), do Centro de Estudos de Fotografia de Coimbra, da Fundação Belmiro de Azevedo, da Fundação PLMJ, da Colecção Nacional de Fotografia do Ministério da Cultura, do Musée de L'Élysée, Lausanne e do Département des Estampes et de la Photographie da Bibliothèque Nationale de  France.

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