Ano: 2013
Concelho: Setúbal
“Nas Hortas” forma o terceiro capítulo da trilogia denominada“Mapa#454”, e constitui uma abordagem ao fenómeno da criação de pequenos espaços agrícolas resultantes da ocupação espontânea de território. Nesse sentido, é uma obra que investiga processos de transformação e reinvenção do espaço e de criação de relações de proximidade com esse mesmo espaço. Detive-me em duas dessas experiências numa zona que se estende ao longo da Ribeira de Negreiros (ou Ribeira de Coina), perto da povoação da Quinta do Conde, balizadas pelo traçado da E.N.10 e pela Autoestrada do Sul/ A2.
Ao longo do período deste projeto fui observando as diferentes formas utilizadas pelos vários protagonistas deste processo no seu relacionamento com a terra, assim como os modos a partir dos quais se materializa essa relação. Por um lado, o cariz vernacular e a função utilitária das construções feitas com materiais desperdiçados e reciclados são uma das faces visíveis de uma relação de intimidade com o território. Por outro lado, o seu carácter espontâneo constitui-se como uma ação que, em si mesmo, constrói o sentido ao lugar e faz transparecer uma profunda carga política e poética. Desse modo, através da sua singularidade, o lugar praticado, utilizando a expressão de Michel De Certeau, é um ato de resiliência.
Fernando Brito, Luanda – Angola – 1963
Vive e trabalha na área de Setúbal. A sua obra autoral movimenta-se em torno de questões relacionadas com paisagem e território, inserindo-se atualmente num espaço que cruza o cinema experimental, a fotografia, a performance e a instalação audiovisual.
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