Nó é a criação de uma narrativa centrada no nó da Amadora, onde no seu interior se inscreve uma ruralidade e um quotidiano familiar improvável. Atrever-me-ia a dizer um espaço com a sua própria identidade. O acesso a este espaço, semelhante a uma ilha, faz-se atravessando a pé o nó da Amadora. Rodeado pelo IC-19, uma grande superfície, uma zona industrial e uma zona habitacional. Onde um grupo de pessoas maioritariamente cabo-verdianas tornou aquele “não-lugar” (Marc Augé) num lugar de subsistência, de convívio, de estórias que se contam entre (des)ilusões e memórias de um país ausente. Os mais velhos, agora reformados, vieram para Portugal entre 1961 e 1973. Altura em que o governo português promoveu a vinda de cabo-verdianos, para colmatar a falta de mão de obra que se fazia sentir na construção civil e nas obras públicas. No anos 80 a maior parte destes imigrantes instala-se nos subúrbios de Lisboa. Este projeto tem o seu foco na deslocação de pessoas, na apropriação de um lugar, e questões relativas à identidade e memória.
Eduardo Sousa Ribeiro. Vive e trabalha em Lisboa.
Em 1993 completou o Curso Avançado de Fotografia na Maumaus. Expõe desde 1991 e autopublica fotolivros desde 2013, onde explora as possibilidades que se estabelecem entre as imagens, as sequências, as narrativas que podem ser construídas de forma mais linear ou abstrata. Sendo o fotolivro o suporte preferencial que dá corpo a esta exploração de novos significados. Aborda nos seus trabalhos questões relacionadas com o espaço urbano e o território, em articulação com questões sociais.
Vencedor do 1st Scopio International Photobook Contest (2014), Urbanautica Institute Awards, Portfolio Special Mention (2021). Representado em várias coleções, entre as quais: The PhotoBookMuseum, Aperture Foundation Library, Fundação de Serralves, Fundação Calouste Gulbenkian, Instituto Moreira Salles. Exposições recentes: Small buildings and other things, Câmara Clara, Torres Vedras (2022), By Invitation Only, Passevit & TryZY, Lisboa (2022), Charta Festival, San Lorenzo, Roma (2021).
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