Ano: 2013
Concelho: Setúbal
O projeto VÁRZEA constitui a segunda parte do projeto MAPA#454. A denominada Várzea de Setúbal corresponde a uma faixa de terrenos agrícolas com início no sopé da encosta Sul do morro de Palmela e que se estende em direção à cidade de Setúbal. A exploração agrícola que nela se desenvolveu constituiu até umas décadas atrás, uma dos pilares da economia local. No final dos anos 60 a expansão urbana, em parte potenciada pela construção da ponte sobre o Tejo, o êxodo rural e a industrialização, conduziu a mudanças radicais no paradigma do desenvolvimento económico e, consequentemente, na utilização e ocupação do território.
A expansão da cidade de Setúbal tem sido feita, parcialmente, à custa da ocupação de terrenos agrícolas pertencentes à Várzea. Restou uma estreita faixa de terra, que corresponde a uma zona mais alagadiça, resultante das escorrências provenientes da Serra Arrábida, onde a construção não é -ainda, viável. Ao longo do período em que a obra se desenvolveu, senti estar na presença de um território em espera por uma transformação que se anunciava como inevitável. Desse modo, este conjunto de fotografias constituiu o registo da última “respiração” da Várzea de Setúbal.
Depois da realização deste projeto e posterior exposição que esteve patente no Espaço Confeitaria em Lisboa, entre Dezembro 2013 e Janeiro 2014, a Várzea de Setúbal foi objeto de profundas transformações. Ao longo destes últimos anos, a implementação do Parque Urbano da Várzea, uma área de lazer projetada pela Câmara Municipal Setúbal alterou por completo o que restava de um território cuja vocação agrícola foi ignorada. Muitas fotografias aqui apresentadas seriam de todo impossíveis de realizar hoje. Este facto confere a possibilidade de novas leituras sobre este trabalho e sobre este espaço. Apesar de persistirem sinais de alguma ruralidade, a Várzea de Setúbal é cada vez mais um espaço esvaziado da sua função agrícola inicial, cercada pelo avanço urbanístico e caminhando para uma total descaracterização.
Fernando Brito, Luanda – Angola – 1963
Vive e trabalha na área de Setúbal. A sua obra autoral movimenta-se em torno de questões relacionadas com paisagem e território, inserindo-se atualmente num espaço que cruza o cinema experimental, a fotografia, a performance e a instalação audiovisual.
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