ALTERAÇÂO DATAS
Prolongamento de entrega das candidaturas até 27 Outubro
Ano: 2018 - em curso
Concelho: Viana do Castelo
Esta série retrata a praia de Afife, ao longo do tempo, em diferentes estações e sob diferentes estados climatéricos. As imagens nesta selecção referem-se aos Verões de 2018 e 2019. Esta documentação intensiva, minuciosa (espécie de poema de amor) surge por dois motivos: por um lado, porque Afife, uma aldeia à beira-mar enquadrada pitorescamente pelo verde dos montes e o branco das ondas do Atlântico, é o lugar onde nasci; eu sou a pessoa que mais vezes percorreu a praia a pé – um título não verificado e impossível de verificar, igualmente reinvindicado por cada um/a da/os que lá nascemos, pois a praia é, no imaginário de cada um/a, um espaço público, e ao mesmo tempo o seu refúgio, inteiramente privado, passado de geração em geração. Ao mesmo tempo, Afife representa a praia num sentido mais universal, de um espaço de excepção onde fazemos o contrário do que é normal: andamos (quase) despidos, não trabalhamos, não socializamos. O filósofo francês Michel Foucault chamou a este tipo de espaços heterotopias: espaços que têm uma existência física (ao contrário das utopias, que não existem) mas que são diferentes de todos os outros espaços e, nesta medida, os negam - um espaço Outro. E talvez seja este o verdadeiro fascínio da praia, um lugar onde podemos ser e estar de uma outra forma, mais primordial, mais próxima e em sintonia com as nossas origens humanas.
Andreia Alves de Oliveira (Afife, 1979).
Fotógrafa, investigadora e docente, desde Janeiro de 2020 trabalha e vive em Salónica na Grécia. É doutorada em estudos fotográficos pela Universidade de Westminster em Londres, onde foi bolseira. Foi professora convidada na Universidade de Birmingham City, é co-editora da revista de fotografía Membrana e membro do grupo de investigação RHOME da Universidade de Lisboa. Previamente, estudou direito e trabalhou como advogada.
O seu trabalho aborda condições da vida contemporânea (trabalho, educação, lazer, deslocamento) através da investigação e documentação visual das suas estruturas espaciais. Expõe regularmente; recentemente o projecto The Politics of the Office foi incluído na publicação e exposição internacional Civilization: The Way We Live Now (Thames & Hudson, 2018).
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