Ano: 2004
Campos de futebol sem bancadas, relvado ou iluminação fora dos principais centros urbanos, fotografados nos distritos onde não foi construído nenhum estádio para o Euro2004. Num dia de chuva, em 2002, durante uma viagem pela Raia, antes do Rosmaninhal, encontrei uma placa de cimento e fiquei seduzida por essa forma sobre a qual se joga com uma bola. Em Janeiro de 2004 encontrei em Perais, num dia de tempestade, uma grande placa de cimento delimitada por uns muros baixos, numa paisagem de vales e serras. Lembrei-me da excitação que as pessoas de Vila Nova do Ceira tiveram quando começaram a construir o campo da bola. Estes encontros e memórias despertaram a vontade de fotografar estas “naves” pousadas na paisagem. A série descreve uma perspectiva de território, mapeamento de um território terraplanado, com cortes na paisagem e abertura de clarareiras na floresta para fruição de um espaço público. Qualquer pessoa tem a liberdade de entrar e usufruir livremente destes campos. Espaços que contém uma beleza nostálgica associada à memória e tranquilidade do nosso território, os quais têm uma função muito importante nestes lugares. Encontrei situações que vão do insólito ao hiper-real. É na diversidade de situações em que se encontra cada um destes campos que reside a sua riqueza. Emissão de 40.000 postais distribuídos por direct mail durante a semana da final.
Luísa Ferreira (Lisboa, 1961). Fotógrafa independente, vive e trabalha em Lisboa. É Mestre em Design e Cultura Visual – Estudos de Fotografia, pela Escola Superior de Design (IADE), escola onde é também professora. Começou a fotografar profissionalmente em meados dos anos 1980. Enquanto fotógrafa, integrou a equipa de fotojornalistas fundadores do jornal Público e trabalhou para a agência de notícias norte americana Associated Press. Expõe individualmente com regularidade desde 1989, desenvolvendo projectos pessoais que incluem por vezes a edição de livros.
Integrou a exposição Au Féminin. Women Photographing Women 1849-2009, no Centro Cultural Calouste Gulbenkian, Paris, 2009. Expôs nos Encontros de Imagem de Braga nos anos 1994, 1995 e 1996 e nos Encontros de Fotografia de Coimbra em 1994. Foi Primeira Escolha nos Recorridos Fotográficos da ARCO98 (Madrid) com Éter. Recebeu o Prémio Autores 2019, Artes Visuais, Melhor Trabalho de Fotografia pela sua exposição branco, na Galeria Monumental (Set / Out 2018), um projecto desenvolvido a partir do auto-retrato para construir a noção de ficção identitária, que incluiu a edição de um catálogo/livro de artista com o mesmo título. É Professor Adjunto Convidada na Escola Superior de Educação do IPS (Setúbal, desde 2013). Prepara doutoramento na FCSH, Universidade Nova de Lisboa.
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