O nascimento da ciência foi a morte da superstição.
— Thomas Huxley (o “bulldog de Darwin”).
O Homem sempre procurou respostas. Ao longo da história, a humanidade tem procurado justificar a sua existência e encontrar explicações para aquilo que não consegue compreender. Desde a antiguidade, o conceito de cosmos surgiu como resposta à necessidade humana de encontrar ordem na natureza e no mundo — algo transcendente capaz de conectar e organizar o universo. Este conceito evoluiu através das diferentes civilizações e épocas, até ao surgimento do monoteísmo. Curandeiros, diziam possuir a cura para todos as maleitas, ter resposta para todas as inquietações. Detentores de uma sabedoria ancestral, que os comuns dos mortais apenas podiam invejar. Actualmente, parecem ter desaparecido, relegados ao obscurantismo pelo ímpeto do progresso científico, permanecem ocultos ao olhar do mundo moderno. Behind the Hill documenta a prática dos curandeiros e a sua ligação às paisagens naturais e flora nativa do nordeste de Portugal. Criando uma estreita relação entre a natureza e a superstição, o projecto cataloga rituais, artefactos e performances ligadas à terra, habitualmente ignoradas pelo modelo cumulativo ocidental de exploração de recursos. Behind the Hill aponta para o confronto entre o progresso e o mundo natural, questionando como a humanidade procura respostas para além de um enquadramento empírico.
Behind the Hill, 2011 – 2019
Miguel Proença (Porto, 1984) vive e trabalha no Porto. A sua prática baseia-se em projectos que privilegiam a fotografia, explorando ideias em torno da história, lugar e identidade. Como bolseiro da Fundação Gulbenkian, em 2018 concluiu o mestrado em Fotografia Documental na Universidade de South Wales (USW), em 2011 licenciou-se em Tecnologia da Comunicação Audiovisual pela Escola Superior de Música e Artes do Espectáculo (ESMAE). Em 2019 foi um dos artistas seleccionados para o programa The New Talent (TNT) na The Photographers’ Gallery em Londres. O seu projecto The Buzzer foi finalista em diversos prémios, incluindo o MACK First Book Award, Fiebre Photobook Award e Unseen Dummy Award. Em 2020 foi nomeado para o prémio Prix HSBC pour la Photographie. Actualmente encontra-se a trabalhar no seu primeiro livro.
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