O projeto em curso visa captar e representar a intrincada interação de forças dinâmicas num determinado território. O capítulo atual do projeto aborda vários aspectos fascinantes, lançando luz sobre vários temas:
- Adaptação humana ao ambiente em condições climáticas adversas, onde se explora a notável resiliência e engenho demonstrados pelos indivíduos que vivem em climas difíceis, aprofunda as suas técnicas inovadoras, a sua desenvoltura e as suas práticas culturais que lhes permitem prosperar apesar das adversidades do meio envolvente;
- Metamorfose da topografia sob os constrangimentos humanos. Uma segunda dimensão do projeto coloca a tónica no impacto transformador que os seres humanos têm na paisagem física, examinando a forma como as actividades humanas moldam o terreno, seja através do desenvolvimento de infra-estruturas, da urbanização ou de outras formas de manipulação da terra;
- Mimetismo dos corpos humanos em relação ao meio envolvente. Enquanto fotógrafo, reparo frequentemente no fenómeno intrigante dos seres humanos que se misturam e adaptam a sua presença física para se integrarem perfeitamente no seu ambiente;
- Impacto da seca extrema na natureza. Uma dimensão importante do meu trabalho investiga as profundas consequências da seca extrema no mundo natural. Mostra as repercussões ecológicas, tais como as alterações na flora e na fauna, a escassez de água e as intrincadas relações entre os organismos e o seu ambiente durante períodos de grande aridez. Ao explorar estes temas recorrendo a analogias e metáforas visuais, o projeto pretende fornecer um retrato abrangente e matizado das complexas dinâmicas em jogo no território escolhido, promovendo uma compreensão mais profunda das intrincadas relações entre os seres humanos, a natureza e o ambiente.
O meu projeto centra-se na relação do ser humano com o ambiente. A residir em Lisboa, decidi abrir o meu primeiro capítulo no rio Tejo que atravessa a maior parte do Norte de Portugal e faz fronteira com a capital antes de chegar ao Oceano Atlântico. Escolhi o estuário do Tejo como a pedra angular deste projeto, uma vez que ele incorpora todas estas coisas ao mesmo tempo:
- para a natureza, é um ponto de encontro entre as águas do rio e as do oceano;
- para o homem, é muitas vezes a história de uma riqueza prometida e de uma luta quotidiana para ganhar a vida;
- para o fotógrafo, é um testemunho da adaptabilidade humana num ambiente degradado, tornado cada vez mais inóspito pelo clima rigoroso.
O ecossistema que se desenvolveu no estuário é composto por agricultores, refugiados, pescadores, marginais, alguns nascidos no local, outros vindos de longe. Os vestígios que deixam transformam estes encontros inesperados em ícones intemporais.
As referências criativas que inspiram este trabalho são, entre outras:
- "American Power" de Mitch Epstein;
- "Fitzcarraldo" de Werner Herzog;
- "L'Or" de Blaise Cendrars;
- "O Livro do Desassossego" de Fernando Pessoa.
Guillaume Pietri, vive e trabalha entre Paris e Lisboa. Depois de estudar filosofia em Paris, deixou a capital francesa para trabalhar no mar em barcos de corrida oceânica. Durante estas viagens, descobriu o mundo subaquático e abandonou gradualmente o convés de um veleiro para vestir um fato de mergulho e ganhar a vida como mergulhador na costa de África, peregrinações incertas durante cerca de vinte anos, partilhando o Mediterrâneo e o Atlântico. Uma pequena câmera costuma fazer parte da jornada, no visor o mar, a sua extensão, os seus trabalhadores, um cabo distante, uma falésia, um deslizamento de terra. Finalmente, a prática da fotografia que o alcança e o domina. A partir daí, a aventura aconteceu em terra. A extensão já não é a mesma: é o espaço urbano das grandes cidades que agora atrai o seu olhar. O fotógrafo agora passa seu tempo criando livros. Um destes livros, em fase de conclusão, intitula-se "Melodie sourde à Lisbonne", no qual o autor descreve a vida quotidiana de Lisboa: retratos de cenas do quotidiano ecoam um quadro mais amplo do urbanismo e do habitat português.
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Amazing work!
Aran