Há uma dimensão pagã e telúrica que paira sobre todas as coisas e não pode ser ignorada. A terra é ocupada pelo corpo todo. Invocando a minha ancestralidade, familiar, física, espiritual - o lugar de onde se parte – entendo, os ciclos aproximam-se, fluem com naturalidade. O movimento transitório pode ser mágico e misterioso. A presença feminina é constante e intensa. A mulher gera, cria, mata e alimenta. Os corpos, das coisas e as pessoas, não ficam esquecidos. Encontram um lugar onde pousam para aí permanecer, entreabertos no tempo. Entre a conexão e o encontro, reconheço que somos uma parte na escala maior das coisas, onde cabe o que se sabe e o que se desconhece. Parece-me, não somos excepcionais. Tudo o que existe parte de nós e faz parte de nós.
Maria Oliveira. Nasceu e cresceu em Ponte de Lima, vive no Porto.
Através da fotografia tem trabalhado sobre lugares umbilicais, físicos e mentais. Interessa-se pela sua mutação, pela relação estreita entre humano e restante natureza, cabendo aí pessoas, bichos, os ciclos próprios das estações e a forma como tudo comunica, se relacionada e existe em conjunto.
Numa perspectiva poética e simbólica o seu trabalho movimenta-se entre o visível e o oculto. A realidade, a memória e a imaginação. Expõe regularmente desde 2011 em Portugal e no estrangeiro. Em 2023 integra a colecção Municipal de Arte do Porto. Em 2022 participa na exposição "NATURE FUTURE - Young European photography “, organizado pela presidência francesa do Conselho da EU, em Praga e Berlim. Com a série ‘De vagar o Mar’ integra uma exposição colectiva itinerante exposta durante o ano de 2021. Em 2019 participa na primeira Bienal de Fotografia do Porto. Entre 2016 e 2017 é artista residente da Ci.clo - Plataforma de Fotografia onde desenvolve o projecto ‘Guardar o fogo para dias de pouca luz’ que integra uma exposição patente, entre outros, no Centro Português de Fotografia, no Porto, Portugal; Fotofestiwal, em Lodz, Polónia e Escola de Artes Visuais, em Nova Iorque, E.U.A. Em 2014 expõe no Festival FotoRio, Rio de Janeiro, Brasil e em 2011 na Casa de Portugal, em Macau. Em 2019 foi vencedora do prémio Novos Talentos FNAC e Scopio Magazine International Photobook Contest, resultando a edição do primeiro livro 'Guardar o fogo para dias de pouca luz'.
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