todos os sítios: braga centro
quem fala obscuramente / em qualquer sítio das minhas palavras / ouvindo-se a si próprio?
Manuel António Pina, O jardim das oliveiras
Uma ideia convencional de Paisagem procura fixá-la a ícones e mitologias, enquanto modo de observar e representar um suposto valor transcendental da natureza e do uso da terra. Uma ideia que se devota à contemplação, à fantasia e à especulação.
todos os sítios advoga para a representação fotográfica da paisagem um carácter instrumental e operativo de construção crítica dessa paisagem. Contrariamente à universalidade e distância da contemplação, estas fotografias apresentam uma imagem de proximidade, de matéria, mas, também de fragmentação e heterogeneidade. Contrariamente ao mitológico e iconográfico, as fotografias focam o efémero e o banal de sítios – lugares, objetos e indivíduos - que compõem a paisagem contemporânea, não reconhecidos enquanto tal. O falso espelho dos nossos sonhos rejeitados, como escreveu Robert Smithson, envolto num processo consciente de aperceção do espaço, como escreveu WJT Mitchell.
todos os sítios é uma série de fotografias realizada em Braga entre 2018 e 2020 que reflete sobre as condições da paisagem contemporânea na sua relação com a representação fotográfica. Ensaia-se a construção de um mapa alegórico e cognitivo da cidade assumindo uma postura crítica e dialética enquanto parte do processo cultural de construção da sua paisagem.
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As ideias e o modo de fazer (Recensão crítica), Paulo Catrica.
Fragmentos de uma paisagem próxima (texto de acompanhamento à exposição), André Castanho.
Conversa vídeo sobre este projecto.
André Castanho (Viana do Castelo, 1988), habita em Braga desde 2014. Mestrado em Arquitetura pela Escola de Arquitectura da Universidade do Minho (2007-2013) e em Fotografia pela Escola das Artes da Universidade Católica Portuguesa. Efetuou Erasmus na Università IUAV di Venezia (2010-2011). Efetuou as suas provas de mestrado sob orientação de Cidália Silva, em Arquitetura, e Paulo Catrica, em Fotografia. Em Erasmus, com o fotógrafo italiano Guido Guidi. Técnico Superior na Universidade do Minho, exercendo também a profissão de arquitecto de forma independente. O seu trabalho fotográfico desenvolve-se na área da Paisagem enquanto meio para a interpretação e reconhecimento cultural e social. Expõe regularmente desde 2016, fazendo acompanhar esta prática com a atividade de investigação.
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